Marlene Zwierewicz
Coordenação
Adelcio Machado dos Santos
Adriana Longhi - Alba Luz Muñoz - Andressa Pacheco Moschetta Antonio Pantoja Vallejo - Celso Menezes - Clóvis Arlindo de Sousa
Edson Schroeder - Everaldo da Silva - Fernanda Aline Soccol Flaviane Cristine Troglio da Silva
Gildo Volpato - Gilmar Rolando Anaguano Jimenez - Gisele Moraes Buch Idonezia Collodel Benetti - Jorge Fernando Aveiro Hermida
Jose Alberto Rua Vasquez - Marilza Vanessa Rosa Suanno Marizete Bortolanza Spessatto - Marlene Zwierewicz
Autores:
Experiências latino-americanas e europeias em foco
à O
Ç N
A O
O V E
I N N
S
E I N
O
D E S
A U
I D P
V E
I R
T I
A O
I R
C R
CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR
Experiências latino-americanas e europeias em foco
Autores
Adelcio Machado dos Santos
Universidade Alto Vale do Rio do Peixe - UNIARP - Brasil Adriana Longhi
Universidade Regional de Blumenau - FURB - Brasil Alba Luz Muñoz
Universidade de Medellín - UM - Colômbia Andressa Pacheco Moschetta
Celer Faculdades - Brasil Antonio Pantoja Vallejo Universidade de Jaén - UJA - Espanha
Celso Menezes
Secretaria Municipal de Educação de Blumenau - Brasil Clóvis Arlindo de Sousa
Universidade Regional de Blumenau - FURB - Brasil Edson Schroeder
Universidade Regional de Blumenau - FURB - Brasil Everaldo da Silva
Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE - Brasil Fernanda Aline Soccol
Celer Faculdades - Brasil Flaviane Cristine Troglio da Silva
Celer Faculdades - Brasil Gildo Volpato
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC - Brasil Gilmar Rolando Anaguano Jimenez
Universidade de Medellín - UM - Colômbia Gisele Moraes Buch
Universidade Regional de Blumenau - FURB - Brasil Idonezia Collodel Benetti
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Brasil Jorge Fernando Aveiro Hermida
Universidade Federal da Paraíba - UFPB - Brasil Jose Alberto Rua Vasquez
Universidade de Medellín - UM - Colômbia Marilza Vanessa Rosa Suanno Universidade Federal de Goiás - UFG - Brasil Universidade Estadual de Goiás - UEG - Brasil
Marizete Bortolanza Spessatto
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense - IFC - Brasil Marlene Zwierewicz
UNIBAVE - Brasil
INCAS - Instituto de Tecnologia e Sustentabilidade Ramón Jurado Garrote
Universidade de Borås - HB - Suécia Universidade de Estocolmo - SU - Suécia
Saturnino de la Torre
Universidade de Barcelona - UB - Espanha Sidirley de Jesus Barreto
CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR
Experiências latino-americanas e europeias em foco
Marlene Zwierewicz Coordenação
APOIOS: registramos a colaboração das seguintes organizações: Rede Internacional de Escolas Criativas - RIEC; Rede Internacional e-Culturas;
INCAS - Instituto de Tecnologia e Sustentabilidade; Universidade de Borås - HB - Suécia.
PROPÓSITO: colaborar para a disseminação de experiências desenvolvidas em diferentes instituições de ensino superior da América Latina e Europa, por meio da compilação de avanços teóricos e práticas criativas e inovadoras que transcendem a educação linear, oferecendo ao contexto universitário possibilidades compatíveis com as expectativas e necessidades dos acadêmicos e do entorno em que estão inseridos.
© Coordenação Marlene Zwierewicz
© Autores da obra
Diagramação e Impressão:
Nova Letra Gráfica e Editora Ltda. | www.novaletra.com.br ISBN 978-85-7682-820-4
Primeira edição
Reservados todos os direitos. O conteúdo desta obra está protegido por lei e, em conformidade com o disposto no Código Penal vigente, poderão ser penalizados com multa e/ou privação de liberdade os que reproduzirem, plagiarem ou distribuírem o conjunto ou parte de uma obra literária, artística ou científica, fixada em qualquer tipo de suporte, sem a devida autorização.
Comitê científico
Ana Paula Bazzo - Unibave - Brasil
Flor Cabrera Rodríguez - Universidade de Barcelona - UB - Espanha Guilherme Valente de Souza - Unibave - Brasil
José Tejada Fernández - Universidade Autônoma de Barcelona - UAB - Espanha
Karina Donadel - Unibave - Brasil
Teresa Salinas Gamero - Universidade Ricardo Palma - URP - Peru Tradução dos capítulos: 7 e 9
Marlene Zwierewicz Revisão
SuMáRIO
APRESENTAÇÃO ... 9 PARTE I - POR UMA CONCEPÇÃO TEÓRICA,
METODOLÓGICA E AVALIATIVA CRIATIVA E
INOVADORA ... 17 DO ENSINO LINEAR AO ENSINO TRANSDISCIPLINAR:
NOTAS INTRODUTÓRIAS PARA UMA NOVA CONSCIÊNCIA NA EDUCAÇÃO
Marlene Zwierewicz ... 19 SINAIS DE RUPTURAS COM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS TRADICIONAIS NA UNIVERSIDADE
Gildo Volpato ... 35 OUTRA FINALIDADE PARA A EDUCAÇÃO: EMERGE UMA DIDÁTICA COMPLEXA E TRANSDISCIPLINAR Marilza Vanessa Rosa Suanno ... 59 A CRIATIVIDADE COMO SUPORTE DA APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR DO SÉCULO XXI
Sidirley de Jesus Barreto
Jorge Fernando Aveiro Hermida
Clóvis Arlindo de Sousa ... 81 AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR À LUZ DA COMPLEXIDADE
Adelcio Machado dos Santos ... 99
PARTE II - PRÁTICAS DE ENSINO, PESQUISA E
EXTENSÃO CRIATIVAS E INOVADORAS ... 137 MOVIMENTO DE ESCOLAS CRIATIVAS:
FAZENDO PARTE DA HISTÓRIA DE FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO
Saturnino de la Torre ... 139 PROJETOS CRIATIVOS ECOFORMADORES - PCE:
INOVAÇÃO METODOLÓGICA E ESTÍMULO À TRANSDISCIPLINARIDADE NO ENSINO SUPERIOR Marlene Zwierewicz ... 163 FORMAÇÃO DE PROFESSORES COM O MÉTODO LUME:
UM EXEMPLO DE PRÁTICA INOVADORA
Ramón Garrote Jurado ... 187 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR - TIC: REFLEXÕES
DIRECIONADAS AO DOCENTE E O EQUILÍBRIO ENTRE UTILIDADE E FACILIDADE DE USO
Ramón Garrote Jurado
Marlene Zwierewicz ... 205 PROJETO PERMANÊNCIA COM QUALIDADE: A
REDUÇÃO DA EVASÃO NA UNIVERSIDADE DE MEDELLÍN
Alba Luz Muñoz Restrepo Jose Alberto Rua Vasquez
Gilmar Rolando Anaguano Jiménez ... 233 EXPERIÊNCIAS MIL: AÇÕES E INTERAÇÕES
EDUCATIVAS OPORTUNIZADAS PELO MULHERES MIL NO MEIO-OESTE CATARINENSE
Marizete Bortolanza Spessatto ... 249
e-PIEI: UM PROGRAMA PARA TRABALHAR AS
EMOÇÕES INTERCULTURAIS EM ENTORNOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
Marlene Zwierewicz
Antonio Pantoja Vallejo ... 263 PSICOLOGIA, DOCÊNCIA, ARTE E CRIATIVIDADE INTEGRANDO DIFERENTES ÁREAS DO
CONHECIMENTO
Idonézia Collodel Benetti ... 285 AÇÕES CONCRETAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE CLUBES DE CIÊNCIAS COMO ESPAÇO DE
ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E ECOFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Celso Menezes Edson Schroeder
Vera Lúcia de Souza e Silva Adriana Longhi
Gisele Moraes Buch... 309 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA: PROGRAMA PACIENTE FELIZ Flaviane Cristine Troglio da Silva
Andressa Pacheco Moschetta Fernanda Aline Soccol
Idonézia Collodel Benetti ... 329
PARTE II
PRáTICAS DE ENSINO, PESQuISA E
EXTENSÃO CRIATIVAS E INOVADORAS
FORMAÇÃO DE PROFESSORES COM O MÉTODO LuME:
uM EXEMPLO DE PRáTICA INOVADORA
Ramón Garrote Jurado Universidade de Borås - HB Universidade de Estocolmo - SU O método LiveUSB Mediated Education (LuME)
LiveUSB Mediated Education (LUME), em portu- guês ‘Educação Mediada por Memória USB’, é um méto- do para a educação assistida por computador. Foi dese- nhado com a intenção de distribuir cursos completos em locais nos quais o acesso à Internet é pouco confiável e/
ou o acesso a computadores é escasso.
A forma de distribuir cursos, empregando o mé- todo LUME, foi publicada previamente por Garrote, Pettersson e Christie (2011) e por Garrote e Pettersson (2011). Essas publicações utilizam dados compilados durante a aplicação de cursos de formação docente de universidades integradas ao Projeto USO+I, descreven- do obstáculos enfrentados e possibilidades visualizadas durante o desenvolvimento da proposta formativa, tais como a combinação de métodos pedagógicos inovadores com Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e Recursos Educacionais Abertos (REA), conforme ilustra- do na Figura 1.
Figura 1 - Educação assistida por computador
As publicações também evidenciam que, ao pro- por o LUME, passou a contar-se com um curso comple- tamente armazenado em memória USB, possibilitando aos participantes o acesso ao material, bem como a um software necessário para seu desenvolvimento. Dessa forma, o LUME tem implícito o desejo de reunir méto- dos pedagógicos e técnicos em um conceito atualizado e coerente com perspectivas educacionais colaborativas, sem, contudo, inventar esses métodos.
Como nasceu a ideia do LuME
Na primavera de 2009, a Faculdade ‘Thomas Edi- son’, nos Estados Unidos, começou a oferecer cursos armazenados em uma memória USB com o nome de flash track courses (MEARIAN, 2009). A ideia de criar e distribuir digitalmente um curso completo, que poderia ser executado a partir de qualquer computador, não era nova. Antes do surgimento das memórias USB, com ca-
empregar da mesma forma discos duros externos e ex- traíveis (HAILEY; HAILEY, 2002).
Atualmente, se existe uma intenção de universali- zar a distribuição da educação, os cursos precisam ser construídos de tal maneira que os materiais e os progra- mas, necessários para seu desenvolvimento com propó- sitos educativos, sejam gratuitos. Esses recursos recebem o título de Recursos Educativos Abertos (REA), tendo como sigla a expressão em inglês ‘OER’ (Open Educatio- nal Resources) (OER-COMMONS, 2007).
Para colaborar com essa ideia, existe uma grande quantidade de material disponível na Internet. Simples- mente tendo acesso à rede, é possível acessar ao material de uma variedade muito grande de universidades, entre as quais, as mais renomadas mundialmente.
REA, todavia, não é uma ferramenta cotidiana para os docentes. Nos países em via de desenvolvimento, o acesso limitado a computadores e à Internet precisa ser considerado, mas o maior obstáculo para o uso dos REA é o escasso conhecimento dos recursos disponíveis (D’ANTONI, 2009).
Tendo conhecimento sobre a possibilidade de dis- tribuir uma memória executável, bem como dos recursos educacionais abertos disponíveis, foi considerado, como um requisito para o desenvolvimento do curso propos- to, combinar REA e a memória do tipo USB executável.
Dessa forma, não somente se ofereceria um curso sobre o uso de um SGA na educação superior, mas também
Desenvolvimento do LuME
O método de educação mediado com a ajuda de uma memória tipo USB (LUME) foi utilizado pela pri- meira vez quando a Universidade de Borås (UB), Suécia, solicitou a realização de um curso destinado aos docen- tes de Engenharia da América Latina, sobre o Sistema de Gestão para a Aprendizagem (SGA), com sua sigla em inglês LMS (Learning Management Systems). O desenvol- vimento do curso ficou vinculado ao Projeto Universi- dade, Sociedade e Inovação: melhora da pertinência da educação das Engenharias Latino-americanas (USO+i), financiado pela União Europeia, por meio do Programa UE ALFA III.
Os primeiros cursos foram realizados em Cuba, precisamente em março de 2010, para docentes do Ins- tituto Politécnico José Antonio Echevarría, da Faculda- de de Engenharia Elétrica (Havana) e em Guatemala, em maio de 2010, no Centro Universitário de Ocidente Universidade de San Carlos - CUNOC-USAC (Quetzal- tenango). Mais tarde, de forma extraordinária, por soli- citação de duas outras instituições integradas ao projeto, o curso foi ministrado na Universidade Ricardo Palma - URP (Lima - Peru), em novembro de 2010, e também na Universidade de San Carlos, sede central Guatemala City (USAC), em 2011.
Cabe ressaltar que, por motivos administrativos do projeto, a Universidade de Borås (UB) não pôde obter fi- nanciamento do projeto USO+i para os dois últimos cur- sos. Em contrapartida, financiou ambos os cursos dentro do marco do projeto e como um gesto solidário com es- sas instituições.
Todavia, a iniciativa não cessou com essas quatro
realizado no Brasil, especificamente no Centro Univer- sitário Barriga Verde - Unibave, de Orleans - Santa Ca- tarina. Seu desenvolvimento é apresentado em outro ca- pítulo dessa obra, incorporando na descrição parte dos avanços observados após sua realização.
Figura 2 - Participantes da formação LUME em Cuba, Guatemala, Peru e Brasil
Quando se iniciou o planejamento do curso, surgi- ram perguntas transcendentais: Como planejar uma for- mação para a melhoria da qualidade da educação com o emprego da Internet, sem ter acesso a ela? Como traba- lhar eficientemente com acesso limitado a computado- res, quando cada participante necessita de um computa- dor? Outro objetivo era que os participantes pudessem ser pioneiros, ministrando a seus colegas o referido cur- so, promovendo, dessa forma, o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), motivos pelos quais os métodos pedagógicos deveriam ser relevantes para chamar a atenção dos participantes para o emprego de REA na educação superior.
Essas questões e outras reflexões levaram à deci- são de utilizar REA e reunir todo o material e software do curso em uma memória USB de 4 Gb, compactando nela os programas e materiais do curso. Essa memória
utilizada na hora de selecionar os programas e vídeos, que foram armazenados na memória. Na sequência são descritos os programas de distribuição livre, armazena- dos na memória USB, utilizados no programa de forma- ção nos países contemplados:
− Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Lear- ning Enviroment) (http://moodle.org) é um SGA de acesso livre, que se emprega globalmente em muitas instituições.
− Sumatra PDF (http://blog.kowalczyk.info/sof- tware/sumatrapdf/free-pdf-reader.html) é um programa que permite ler documentos em For- mato de Documento Portátil (PDF).
− VLC mediaplayer (http://www.videolan.org/
vlc/) – programa que permite reproduzir vídeos.
− LyX (http://www.lyx.org/) – programa que faci- lita escrever fórmulas matemáticas em formato Hypertext Markup Language (HTML). As páginas que lemos em qualquer navegador Web foram desenvolvidas nesse formato.
− HotPotatoes 6 (http://hotpot.uvic.ca/) – progra- ma que facilita fazer questionários, jogos, exa- mes, etc, e que depois podem ser importados fa- cilmente ao SGA Moodle.
− AbiWord (http://www.abisource.com/) – progra- ma que permite ler e editar documentos em for- mato doc, docx. Esses documentos normalmente são gerados com o programa Word do pacote Office da Microsoft.
− MoWeS II (http://www.chsoftware.net/en/mo-
ma possibilita executar, de uma memória USB, o servidor Apache, a base de dados MySQL e o script de idioma PHP. Esses componentes são ne- cessários para executar o SGA Moodle, a partir da memória de USB.
− Portable Open Office (http://portableapps.com/
apps/office/openoffice_portable) é um pacote de programas que permite editar textos, fazer apre- sentações ou folhas de cálculo. Poderíamos dizer que o funcionamento desse pacote é similar ao Office de Microsoft, mas com a particularidade de que se distribui livremente.
Na memória USB também foram incorporados mais de 50 vídeos educacionais descarregados do You- Tube (http://www.youtube.com/) em língua espanhola.
A todos os autores dos vídeos foi solicitada a permissão para a descarga e sua incorporação na memória.
Como as universidades nas quais o curso foi apli- cado dispunham de uma distribuição do sistema opera- tivo Windows, foram selecionados somente programas executáveis por meio desse pacote. Dessa forma, não foi incluído qualquer programa operativo na memória USB.
Concepção pedagógica empregada
O curso foi planejado para que a aprendizagem fos- se baseada em problemas (ABP), em inglês Problem Based Learning (PBL). Esse método permite que o estudante seja responsável por sua própria aprendizagem, quan-
Com todo material armazenado na memória USB, aos participantes foi passada a tarefa de escolher uma das disciplinas ministradas durante o ano letivo, adap- tando-a para que fosse desenvolvida com o SGA Mood- le, tendo em conta a flexibilidade para que, em um futu- ro próximo, a mesma pudesse ser aplicada a distância.
Nesse processo, os participantes deveriam planejar o uso das diferentes ferramentas do Moodle, como documen- tos compartilhados, anúncios, foros de gestão de tarefas, etc.
Graças ao método LUME, cada participante pôde trabalhar de acordo com suas especificidades, sendo via- bilizado o desenvolvimento das atividades em qualquer lugar em que se tivesse acesso ao computador, mesmo que em parte não à Internet. Ao salvar as atividades rea- lizadas em cada encontro de formação na memória USB, cada pessoa envolvida se apropriava das condições que dariam continuidade ao seu trabalho em qualquer outro computador disponível.
Forma de aplicação do curso
O curso foi aplicado em duas etapas, exceto no Brasil. Uma de introdução presencial de duas semanas e uma segunda de três meses, desenvolvida a distância. O curso foi registrado na Universidade de Borås, com equi- valência de 15 créditos ECTS ou dez semanas de estudo em tempo completo.
Figura 3 - Entrega de certificados pela Reitora da UB - Lena Nordholm - aos participantes de ISPJAE, durante sua visita a
Cuba, em junho de 2010
Nas ocasiões em que o curso foi aplicado, tanto o software como as tarefas e os materiais foram idênticos.
Depois do curso finalizado, foi dada a liberdade aos pra- ticantes para copiar o conteúdo da memória, com a fi- nalidade de utilização em novos cursos ministrados por eles aos demais docentes das universidades.
Pesquisa realizada e método de avaliação do curso Em ISPJAE (Cuba), CUNOC-USAC (Guatemala) e URP (Peru) foram coletados dados ao final das duas se- manas de introdução, por meio de um questionário anô- nimo, preenchido pelos participantes e que integrou o processo avaliativo do curso. A equipe de Cuba, especifi- camente, respondeu a um questionário sobre o emprego de SGA e outro sobre o emprego de SGA e de REA.
Entre os resultados da pesquisa podem ser desta-
Utilizei Sim Não A. Carregar e
compartilhar material Cuba (N=15) 3 12 Guatemala (N=21) 10 11
Peru (N=11 ) 10 1
B. Fórums e chats Cuba 3 12
Guatemala 6 15
Peru (N=11) 1 10
C. Pesquisas e
questionários Cuba 1 14
Guatemala 5 16
Peru (N=11) 1 10
D. Compilação e revisão
dos exercícios Cuba 0 15
Guatemala 5 16
Peru (N=11 ) 0 11
E. Avaliação dos
estudantes Cuba 0 15
Guatemala 2 19
Peru (N=11 ) 0 11
Quadro 1 - Experiências de um Sistema de Gestão para a Aprendizagem (SGA)
Como podemos observar no Quadro 1, parte dos participantes da Guatemala e do Peru tinha alguma ex- periência sobre o emprego das ferramentas que com- põem um SGA. Essas respostas foram discutidas com as equipes, as quais concluíram que suas experiências pré- vias eram muito limitadas.
Na equipe do Peru, 10 dos 11 participantes haviam utilizado um SGA Moodle para distribuir documentos, mas não outras ferramentas do SGA. Considerando esse uso limitado, foram realizadas mudanças na estrutura do curso ministrado aos docentes dessa instituição.
A pergunta feita aos participantes, ao finalizar a primeira etapa do curso, questionava se eles estavam preparados para utilizar um SGA em seu trabalho. No Quadro 2, pode ser observado que tanto os cubanos como os peruanos foram mais positivos, sendo que os guatemaltecos foram os mais relutantes na integração de um SGA em seus trabalhos. Ainda assim, observa-se que a grande maioria adotou uma postura positiva em rela- ção a essa adoção.
A resposta à referida questão era apresentada em um dos itens de uma escala de 1 a 5, sendo que: 1 signi- ficava estar totalmente de acordo e 5 não estar de acordo com nenhum dos pontos.
Declaração 1 2 3 4 5
3 Cuba (N=15)
Sinto-me preparado para utilizar um SGA em meu trabalho
8 7
Guatemala
(N=21) 7 10 2 2
Peru (N=11 ) 8 3
Quadro 2 - Nível de preparação para utilizar um (SGA) depois da primeira etapa do curso
Observações e resultados
Os resultados das avaliações do curso, os questio- nários e as discussões indicaram claramente um alto ní- vel de apreciação dos participantes. A maioria deles de-
sição como REA (GARROTE; PETTERSSON; CHRISTIE, 2011).
As vantagens com o LUME ficaram evidentes du- rante o curso, sobretudo a flexibilidade que obtiveram os participantes em função de adaptar as ferramentas TIC de acordo com as necessidades de cada curso ou disciplina. Também foi evidente que eles não estavam conscientes da abundância de recursos disponíveis para a educação como os REA, tampouco haviam pensado anteriormente sobre a possibilidade de combinar uma memória de USB com REA.
Como iniciar o emprego do Método LuME e sua divulgação
Para iniciar o emprego do LUME basta uma ideia sobre uma disciplina ou curso que se deseja distribuir livremente, bem como um computador com acesso à In- ternet. Quando se inicia o processo de busca dos recur- sos para seu desenvolvimento é que será possível obser- var a ampla variedade de material de grande qualidade disponível na Internet.
Para dar a partida, os materiais podem ser armaze- nados em uma pasta do computador ou basta simples- mente documentar os enlaces da Internet em que são encontrados. Existem versões gratuitas de muitos pro- gramas, que podem ser descarregadas, programas de reprodução de multimídia, processadores de texto, etc.
Diante das possibilidades, é necessário decidir que sistema operativo será utilizado para executar a memó- ria e se é necessário que o sistema operativo seja distri- buído com a memória separadamente. Uma vez decidi- dos todos esses pormenores, armazenam-se nela todos
é executável a partir da memória que é distribuída entre os participantes.
Algo de que os docentes reclamam, e que persiste em grande parte das universidades, é que muitos de seus estudantes não dispõem dos conhecimentos necessários para iniciar os estudos superiores, demonstrando uma brecha, em termos de informações, entre as disciplinas aplicadas no ensino superior e as aplicadas no ensino médio. Uma forma de melhorar o quadro é a distribui- ção livre de cursos. Esses cursos poderiam ser aprovei- tados pelos estudantes para uma preparação em etapa preliminar ao ingresso no ensino superior, bem como por pessoas interessadas em aprofundar ou acessar no- vos conhecimentos.
Se os cursos criados combinarem a possibilidade de empregar REA, adaptando-os para serem distribuídos com a ajuda de uma memória USB, também se obterá um recurso utilizável no futuro e em diferentes cursos.
Quando o Método LUME foi desenvolvido, pensava-se em não constituí-lo somente em uma forma de distribuir cursos, mas também que seu emprego estimularia os do- centes a refletir sobre sua forma de ensinar.
um dos exemplos de boas práticas e sustentabilidade do método LuME, obtido a partir da participação no curso: o caso Guatemala
Seguindo as ideias motivadoras do curso sobre o emprego de SGA, as quais incluíam intenções sobre a possibilidade de que, ao finalizar a formação, os partici-
No Centro Universitário do Ocidente da Univer- sidade de San Carlos de Guatemala, por solicitação de uma equipe de docentes da Faculdade de Engenharia - campus central - foi desenvolvida uma proposta formati- va por um dos docentes, que havia participado do curso oferecido pela Universidade de Borås em Quetzaltenan- go. O curso foi aplicado graças à colaboração e interesse das autoridades da Universidade de Borås e da expecta- tiva de profissionais da Guatemala, que queriam ver os avanços ser consolidados.
Na ocasião, houve participação de 15 docentes da Faculdade de Engenharia da Universidade de San Carlos de Guatemala e o curso foi ministrado de forma equivalente aos que estiveram sob a responsabilidade da Universidade de Borås. A memória USB e seu conteú- do foram replicados e distribuídos entre os participan- tes; a mesma metodologia foi seguida, mas o conteúdo foi adaptado pelo professor responsável por ministrar o curso, em função da própria experiência vivenciada an- teriormente.
Quando o curso foi ministrado nessa universidade, a mesma já dispunha de um SGA (Dokeos). Ao iniciar o curso, foi explicado aos participantes que o funciona- mento das ferramentas, que normalmente integram um SGA, é semelhante em seu funcionamento e emprego.
Ressaltou-se também que o objetivo do curso não era aprender o emprego de um SGA específico, mas apren- der de forma abrangente seu uso na educação superior, em combinação com diferentes métodos pedagógicos.
Além disso, foram apresentadas as vantagens de se dis- por de um administrador, que possibilitaria experimen- tar diferentes configurações do sistema, aumentando a
Com a utilização do Moodle, pôde ser observada a versatilidade das informações armazenadas na memó- ria distribuída aos participantes do curso e, mesmo não sendo a mesma plataforma, os participantes puderam rapidamente adaptar o que foi aprendido, com o uso do Moodle, à nova plataforma de trabalho Dokeos. Isso agregou valor à experiência dos docentes no interior do curso. Também foi uma grande experiência para os parti- cipantes comprovar que as ferramentas do SGA Moodle são sumamente similares às ferramentas disponíveis no Dokeos e, ainda que existam especificidades, o conhe- cimento apropriado no curso permitiu usar e adaptar a disciplina escolhida sem grandes dificuldades.
Conclusões do Método LuME e os cursos ministrados O método descrito oferece uma grande flexibilida- de. Um estudante pode conectar uma memória USB a qualquer computador, em qualquer momento e em qual- quer lugar e, na sequência, iniciar seus estudos e traba- lhar com tarefas especialmente projetadas. Todo traba- lho realizado pode também ser salvo na memória USB, depois de cada sessão, dando possibilidade para um prosseguimento em outro computador, como se estives- se usando a mesma máquina empregada anteriormente.
Conceitualmente, o termo ‘Live’, presente em Li- veUSB, geralmente se refere aos dispositivos de memó- ria que contêm um Sistema Operativo (SO), executado a partir da memória independente do SO, que existe instalado no computador. Quando se fala de um curso
os programas que são necessários para acessar o mate- rial de um curso ou disciplina possam ser executados a partir da memória, sem que exista a necessidade de ins- talação no computador.
O termo LiveUSB Mediated Education (LUME) re- presenta, portanto, a forma de distribuir um curso com- pleto ou uma disciplina. A ideia do método é que todo material e software utilizados no desenvolvimento este- jam armazenados em uma memória USB, podendo ser executados dessa mesma memória.
O método LUME oferece grande flexibilidade e pode ser utilizado como apoio à educação tradicional, mas o mais importante é que disponibilizará uma fer- ramenta indicada para utilizar os REA e, em decorrên- cia, pode melhorar significativamente a disponibilidade da educação em âmbito global. Dessa forma, quando o LUME é utilizado em combinação com REA, é dado um passo adiante para que a educação seja universalizada em um futuro próximo.
Referências
D’ANTONI, S. Open educational resources: Reviewing initiatives and issues. Open Learning: The Journal of Open and Distance Learning, v. 24, n. 1, 2009.
GARROTE, R.; PETTERSSON, T.; CHRISTIE, M. LiveUSB Mediated Education: A method to facilitate computer supported education. Australasian Journal of Educational Technology, v. 27, n. 4,, 2011. p. 619-632, 2011. <Disponível em: http://www.
ascilite.org.au/ajet/ajet27/garrote.html>. Acesso em: 27 out. 2012.
GARROTE, R., & PETTERSSON, T. LiveUSB mediated education (LUME). International Journal of Education and Development using Information and Communication
uwi.edu/include/getdoc.php?id=4473&article=1209&mode=pdf>.
Acesso em: 19 maio 2013.
HAILEY, D. E.: HAILEY, C. E. Overview of a distributed-hard- drive-based educational plan 2002 ASEE Gulf-Southwest Annual.
In: Conference The University of Louisiana at Lafayette American Society for Engineering Education, 2002.
MEARIAN, L. College puts entire courses on usb drives.
2009. Disponível em: <Computerworld.http://www.
computerworld.com/s/article/9140951/College_puts_entire_
courses_on_USB_drives>. Acesso em: 19 maio 2013.
MOODLE.ORG. Moodle.Org: Open-source community- based tools for learning. 2010. Disponível em: <http://
moodle.org/. Acesso em: 19 maio 2013.
MORALES, P.; LANDA, V. (2004). Aprendizaje basado en problemas. Theoria, v. 13. 2004.
Recursos para os professores. Revisado 2013-05-19 http://ocw.mit.edu/index.htm
http://www.openculture.com/freeonlinecourses http://www.youtube.com/education?b=400
http://campus.usal.es/~ofeees/NUEVAS_METODOLOGIAS/
ABP/13.pdf OER-Commons http://www.oercommons.org/
http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/299/29901314.pdf Direitos do autor. Revisado 2013-05-19
http://www.creativecommons.se/
Este livro foi impresso na Nova Letra Gráfica e Editora Ltda.
Na encruzilhada de uma conjuntura global de crise, a educação busca reinventar seu caminho. Se permanecer centrada no ensino linear, mantendo a prática pedagógica nos cativeiros disciplinares, não responderá às necessidades da realidade, que já não são de exclusiva alçada econômica, mas atingem todas as esferas da vida.
A obra ‘Criatividade e Inovação no Ensino Superior:
experiências latino-americanas e europeias em foco’ pretende ser um alerta para o ‘despertar da consciência’ sobre a necessidade de rever as práticas educacionais, que se mantêm alijadas da realidade. Vinculados a instituições latino-americanas e europeias, seus autores procuram elucidar percepções teóricas e vivências de ensino, pesquisa e extensão, que representam passos para uma educação que tenha como ponto de partida a vida e a ela se volte, com soluções projetadas nas ou a partir das instituições universitárias.
Ao acessar as produções desses gestores, docentes e pesquisadores, o leitor terá a impressão de estar situado na travessia de uma ponte, cuja cabeceira ainda está um tanto encoberta pela neblina de um novo amanhecer, não permitindo, ainda, descortinar os resultados de um processo educacional que não subestima suas raízes, mas pretende contribuir para construir o mundo desejado - o mundo para todos. Em sua elaboração, o envolvimento de 17 instituições de educação superior e de 25 autores, em uma mesma obra, mostra que é possível atuar solidariamente para despertar uma nova consciência, reformar o
